sexta-feira, 23 de abril de 2010

Guerra pela Água


Parece inacreditável afirmar que o mundo está prestes a enfrentar uma crise de abastecimento de água. Mas é exatamente isso o que está para acontecer, pois apenas uma pequeníssima parte de toda a água do planeta Terra serve para abastecer a população.

Vinte e nove países já têm problemas com a falta d'água e o quadro tende a piorar. Uma projeção feita pelos cientistas indica que no ano de 2025, dois de três habitantes do planeta serão afetados de alguma forma pela escassez - vão passar sede ou estarão sujeitos a doenças como cólera e amebíase, provocadas pela má qualidade da água. É uma crise sem precedentes na história da humanidade. Em escala mundial, nunca houve problema semelhante.

Tanto que, até 30 anos atrás, quando os primeiros alertas foram feitos por um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU), ninguém dava importância para a improvável ameaça.


O Planeta pede ajuda.


Em 2006 a ONU alertou que as mudanças climáticas podem promover conflitos pela escassez da água. Em seu ultimo boletim, sobre água e desenvolvimento no mundo, Ban Ki-moon secretário geral da ONU aponta o risco da escassez da água “transformando competições pacíficas em violência”. Foram a partir de milhares de afirmações como esta e estudos que nasceu a noção popular da ‘Guerra pela Água’.

Porém, de acordo com um estudo publicado pela Revista Nature e um recente levantamento feito pelo Instituto Internacional de Estocolmo sobre Água (IIEA), países não fazem guerras para disputar água, e sim resolvem suas limitações de água através de negócios e acordos internacionais. Olhando através da história existem mais exemplos de cooperação do que conflitos em torno de grandes mananciais.

Durante todo o século 20, trezentos acordos internacionais foram assinados para garantir uma gestão transfronteiriça de recursos hídricos. Neste mesmo período, apenas sete pequenos incidentes entre países foram contabilizados como resultados diretos da escassez de água.

A própria ONU lançou o tema “Águas compartilhadas, oportunidades compartilhadas” para o Dia Internacional da Água (22 de março) deste ano. Dados da organização mostram que existem no mundo 263 bacias e 274 aqüíferos “internacionais”. Isso faz com que 75% de todas as nações do mundo dividam com seus vizinhos seus estoques de água.

Wendy Barnaby, da Associação Britânica de Ciência, conta na revista Nature que ao tentar escrever um livro sobre as “guerras pela água” suas expectativas foram totalmente frustradas. Lançando mão de uma pesquisa ainda mais detalhada, publicada em 2003 no American Journal of Water Resources, Barnaby lembra que entre 1948 a 1999, de um total de 1.831 questões sobre bacias internacionais, 68% tiveram como resultado acordos pacíficos e apenas 28% causaram rusgas diplomáticas. Os 5% restantes tiveram resultados neutros.

Até mesmo o conflito entre Israel e Palestina, que muitas vezes é considerado exemplo de disputa por recursos hídricos, tem como um plano de fundo questões políticas e religiosas.


As Principais guerras que já aconteceram pela disputa da água até hoje em dia:

A guerra mais antiga pela água aconteceu 4.500 anos atrás, na Mesopotâmia, mas outros conflitos já se iniciaram desde essa época pela mesma razão, como por exemplo o conflito sangrento em Darfur, no Sudão, que começou em 2003 e matou 400 mil africanos, se iniciou em parte por causa do acesso a uma fonte de água, que estava ficando escassa. O conflito de Darfur começou no local da fonte de água e depois se espalhou por toda a região.


Collecting water in Darfur
O conflito em Darfur, Sudão, começou em parte por causa dos direitos sobre a água



97.5% das águas do planeta são salobras, inadequadas para uso humano. A maioria da água fresca está presente nas geleiras e nas glaciais, apenas 2,5% da massa líquida são compostos de água doce, e menos de 0,01%, de potável. Com o explosivo crescimento demográfico no século XX, a população triplicou nos últimos 70 anos, enquanto o consumo de água sextuplicou. Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável.A necessidade básica recomendada de água por pessoa num dia é de 50 litros. Mas as pessoas podem utilizar algo perto de aproximadamente 30 litros: 5 litros para alimento e bebida e 25 para a higiene.Em alguns países usam menos de 10 litros de água por pessoa ao dia: Gâmbia usa 4.5; Mali, 8; Somália, 8.9; e Moçambique, 9.3. Em contraste, o cidadão médio dos Estados Unidos usa 500 litros de água por dia, e a média britânica é de 200 litros.

Mapa mostra escassez de água no mundo:

A alarmante extensão da escassez de água no mundo foi detalhada no mapa elaborado por uma empresa de consultoria e gerenciamento de recursos hídricos.


Países ricos e países pobres:

Nove países dividem cerca de 60% das fontes renováveis de água doce do mundo. São em ordem de quantidade hídrica: Brasil (6.220 bilhões de m3), Rússia (4.059 - sempre em bilhões de metros cúbicos), Estados Unidos (3.760), Canadá (3.290), China (2.800), Indonésia (2.530), Índia (1.850), Colômbia (1.200), Peru (1.100). Em seguida, vêm os quinze países da União Européia: 1.171 bilhões de m3.

De outro lado, existem países em situação muito precária como: Kuwait e Bahrain (quase sem recursos), Malta, Gaza, Emirados Árabes, Líbia, Singapura, Jordânia, Israel e Chipre.



O Canal de Suez e o Canal do Panamá

Canal de Suez



O Canal de Suez é uma das vias marítimas mais importantes do mundo e um dos grandes focos da economia do Egito, é um canal que liga Porto Said, porto egípcio no Mar Mediterrâneo, a Suez no Mar Vermelho

e atravessa quatro lagos: Manzala, Timsah, Grande Bitter e Pequeno Bitter. Após as reformas de 1963, passou a ter largura mínima de 55m e profundidade mínima de 12m. O Canal, também, separa os continentes da África e Ásia com extensão de 163 quilômetros, permite que embarcações naveguem da Europa à Ásia sem terem que contornar a África pelo

cabo da Boa Esperança. Antes da sua construção, as mercadorias tinham que ser transportadas por terra entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho.


A Construção do Canal de Suez:


Litografia retratando a construção do Canal de Suez.


Ferdinand de Lesseps, construtor do canal.


A companhia Suez de Ferdinand de Lesseps construiu o canal entre 1859 e 1869. No final dos trabalhos, o Egito e a França eram os proprietários do canal.

Estima-se que 1,5 milhão de egípcios tenham participado da construção do canal e que 125 000 morreram, principalmente de cólera.

Em 17 de fevereiro de 1867, o primeiro navio atravessou o canal, mas a inauguração oficial foi em 17 de novembro de 1869.


Características:

O canal não possui eclusas, pois todo o trajeto está ao nível do mar, contrariamente ao canal do Panamá. O canal permite a passagem de navios de 15 m de calado, mas trabalhos são previstos a fim de permitir a passagem de supertankers com até 22 m até 2010. Aproximadamente 15 000 navios por ano atravessam o canal, representando 14% do transporte mundial de mercadorias. Uma travessia demora de 11 a 16 horas.



Canal do Panamá




O Canal do Panamá é um canal com 82 quilômetros de extensão, que corta o istmo do Panamá, ligando assim o Oceano Atlântico e o Oceano Pacífico, no Panamá.

O canal tem uma grande importância no fluxo marítimo internacional, que hoje corresponde a 4% do comércio mundial, por ano passam pelo canal cerca de 13 mil navios. As principais trajetórias saem do litoral leste norte-americano com destino, principalmente, à costa oeste da América do Sul, há também fluxo de origem européia para a costa oeste dos EUA e do Canadá.

O canal possui dois grupos de eclusas no lado do Pacífico e um no do Atlântico. Do lago Gatún, o canal passa pela falha de Gaillard e desce em direção ao Pacífico, primeiramente através de um conjunto de eclusas em Pedro Miguel, no lago Miraflores, a 16,5 metros acima do nível do mar, e depois, através de um conjunto duplo de eclusas em Miraflores. Todas as eclusas do canal são duplas, de modo que os barcos possam passar nas duas direções. Os navios são dirigidos ao interior das eclusas por pequenos aparelhos ferroviários. O lado do Pacífico é 24 centímetros mais alto do que o lado do Atlântico, e tem marés muito mais altas.


Como funciona o Canal do Panamá:

A travessia do Canal do Panamá é feita por três comportas, em que a água funciona como um elevador. Vindo do Atlântico, por exemplo, o navio entra na comporta, com a água no mesmo nível do oceano. Os portões são fechados e as válvulas de enchimento abertas. A água entra através de poços do piso, elevando o navio 26 metros, até o nível do Lago de Gatun. As válvulas são fechadas e os portões superiores abertos. O navio sai da comporta para o lago. E segue para as outras comportas, onde acontece o processo inverso de descida até o nível do oceano Pacífico.


Inauguração:


Após dez anos de trabalho e da escavação de um volume de material quase quatro vezes maior do que o inicialmente projetado, o canal foi finalmente concluído a 10 de Outubro de 1913, com a presença do presidente estadunidense Woodrow Wilson, que naquela data apertou o botão para a explosão do dique de Gamboa. Diversos trabalhadores das Índias Ocidentais trabalharam no canal, e a sua mortalidade oficial elevou-se a 5.609 mortos.

Concluídas as obras complementares, quando o canal entrou finalmente em atividade, a 15 de Agosto de1914, constituía-se numa maravilha tecnológica. A complexa série de eclusas permitia até mesmo a passagem dos maiores navios de sua época. O canal revolucionou os padrões de transporte marítimo.


O navio de passageiros SS Kroonland atravessando o canal em1915.


Novo Canal:

Está em curso um projeto de ampliação do canal do Panamá, com a construção de uma nova hidrovia, que permitirá a passagem de navios muito maiores que os atuais, serão chamados: post-panamax. Segundo o projeto o Novo Canal do Panamá será inaugurado durante as festividades de 100 anos do primeiro canal. O Panamá tem, desde então, melhorado o Canal, quebrando recordes de tráfego, financeiros e de segurança ano após ano. O Canal do Panamá foi declarado uma das Sete maravilhas do Mundo Moderno pela Sociedade Norte Americana de engenheiros civis.


Atualmente, os maiores navios que podem atravessar o canal são conhecidos como Panamax:

Um "Panamax” na eclusa de Miraflores.